“O sentimento de mim…”

“… A minha epiderme é branca, branca de mais para o meu gosto e desgosto; particularmente sensível, causa-me por vezes sérios dissabores dermatológicos. Um dia alguém de classificou de ser como o whisky, fria por fora quente por dentro (quem o disse lá sabia). Assim sou eu, branca por fora, negra por dentro. E é esse sentimento de negritude que me faz sentir perdida, exilada, em qualquer país da Europa. Eu penso África, eu sinto África, eu sou África.” Malu, O Sentimento de mim…

O continente africano não nos deixa indiferentes, gosta-se ou não. Quem verdadeiramente viveu ou passou por África e (ainda) a ama sente-se um pouco perdido neste apertado continente europeu, há demasiadas Almas penadas a vaguear por cá. Também eu amo África. Amo-a pela luz, pelo ar, pelos cheiros, pelos contrastes, pelas cores, pela vida verde, pela terra, pelo pó, pelas pessoas (apesar de não gostar de muitas)… simplesmente amo-a… cerca de quinze por cento nos meus passos largos foram consumidos a palmilhar uma pequena parte dessa terra que tanto amo, no entanto, quando tenho que decidir, o meu coração pende sempre para este nosso belo mas castigado país que me viu nascer. Nunca me senti penado, por isso sou livre. Livre de escolher o meu caminho. Se estou certo que um dia voltarei à África que palmilhei, também estou certo que regressarei a esta minha casa, meu aconchego.